Restaurante SEM-FIM

As mesas em xisto e mármore os quadros e os candeeiros do Gil, as prensas da Glória, as cadeiras coloridas, o espaço onde ainda reluz a alma do azeite o tempero supremo. Os sentidos estão em festa, cheira a azeite, ouve-se música do mundo e da terra.

E é o Azeite, o senhor do lagar, no bacalhau com ele alhado, nas migas de pingo, de espinafres e de espargos, nas saladas Sem-Fim, nas sopas e açordas, nos salteados, no borrego e no pão. Sabores SF que nunca acabam e satisfazem a alma na guloseima de cada petisco. A glória dos doces é da mão da Glória, a  Mousse, o arroz doce, as migas doces, as farófias e encharcadas, e sericaias, os conventuais e todos os demais. No bar, bebe-se o cante em dias inspirados. Um naco de pão, um queijo de meia cura  e um punhado  de azeitonas afina a voz e aquece a alma.

Começou então a vida do Sem-Fim, um restaurante onde um artista, Gil Kalisvaart e uma restauradora, Arlinda Ribeiro, reproduziram os gostos da terra e recriaram paladares do mundo. Um espaço de arqueologia industrial onde a vida se manteve, ou não seja o azeite uma alquimia. Mas o tempo não chega para tudo e foi tempo de mudar. Após oito anos de trabalho dividido entre as artes e a gastronomia, a gestāo do Sem-Fim passou do pai para o filho.

O Tiago Kalisvaart e a Gloria Perez Cruz, são quem agora dá vida e alimento ao Lagar do Telheiro. Prevalece a vontade de não deixar ficar esta terra sem gente, gente que respeita o sítio porque cresceu com ele e o quer ver com vida. Sabem o que a terra custa e valorizam a continuidade.

Um restaurante singular num sítio distante que fica tão próximo, no Alentejo, o nosso mito mais bem guardado. Não tenha ele, na zona de Évora, fixado os primeiros homens naquela que é uma das grandes concentrações de civilização megalítica. Deixaram pela planície as marcas quase eternas da vida e da morte.

O prazer de comer a olhar, a ouvir o cante dos homens no bar  e o canto das cigarras nas noites da esplanada.

A calma que acalma e o gosto que se leva na memória.